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domingo, 15 de abril de 2012

Quem leu indica! Estes livros fazem parte do acervo do Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE 2011.


  A menina que fez a América, de Ilka Brunhide Laurito


 Saracena, Itália, final do século XIX. Pequena aldeia de camponeses e artesãos. Seus sonhos: sótãos repletos de alimentos para o próximo inverno. O cotidiano interrompido pelos dias santos·e festas populares.
Aqui e assim viveu Fortunatella.       .
Morre o pai. A mãe se casa novamente. O Novo Mundo está pronto para receber a jovem mãe recém-casada. Duplamente ór Fortunatella e apenas uma menina calabresa.
Um dos avós, lavrador e forte como um carvalho. O outro, astrônomo e sábio como um céu estrelado. A única avó, entre uma história e outra, tece sonhos, transformando fios em rústicos tecidos e delicadas mantas.           .
Aqui e assim vai sendo tecida a infância de Fortunatella.
o Paulo, Brasil, início do século XX. Bondes, iluminação a gás, ruas largas e arborizadas. De quantos olhos a menina calabresa precisa para captar a modernidade da cidade industrial?
Você acredita que só se nasce uma vez na vida?
Fortunatella se parece com cada um de nós no que temos de comum; os ascendentes imigrantes.
Você tentou descobrir quantos fios teceram sua vida?  




Dona Feia, de Anderson Ribeiro de Oliveira

Esta história tem origem na distante Idade Médiano tempo do amor cortêsdos cantares de amor, dos cantares de amigo e, prin­cipalmentedos cantares de escárnio e de maldizer.
O mundo roda e anda. Hoje se canta também. Mudaram as músicas, as melodias, as musas. Esta e a dinâmica do mundo. Tudo se transformamudatransmudaAs palavras ganham outras sig­nificações e aplicaçõesMas a amor continua a mesmoa invejae a escárnio tambémVocê pode mudar uma situação trocando as letras de uma palavraO que era atorpode virar torao que era doce, vira cedoamor pode ser amorae se você acrescentar a letra N, a palavra vira namora. E a palavra feia pode virar a quê? Mas um amor de amora e uma delíciaconcordam?
Nesta história de Anderson, hei também uma troca de pala­vras, uma mudança de atitudearrependimento, alegrias.

A história e um encantamento. Tudo flui poeticamenteclara­mente. E um sonho bom, colorido, que nos faz flutuar. O autor não se esquece da pluralidade e da claridade da palavra.
Há um enredoum ir e vir de açõespersonagensHá o jogo do tempo e do espaço; imagens inusitadas, frases invertidas que movem nossos olhos e a sensibilidade.
Dona Feia tem suas lembranças na Idade Media. Era uma velha e louca. Mas a Dona Feia do Anderson não tem nada de velha ou louca.
Esta é uma história da transformação, da mutação, da trans­figuração. Com o tempo, a palavra FEIA muda de grafia, a situação da Dona Feia também muda. Os tempos mudam e a fila anda.
Dona Feia, de feiura exemplar, se vê repudiada pelo lu­garejo. E motivo de zombaria, de troça, de piada, de escárnio e de maldizer; não há compaixão, não há amor nem perdão. Há repúdio e maldizer. Todos ignoram suas manhas, artimanhas e artes. Torna-se preciso alguém de fora para descobrir que, naquele lugarejo perdido, existe uma flor de beleza, uma artista nata, uma artesã de mil quilates. Dona Feia tinha mãos de rainha, suas mãos trabalhavam o algodão e a palha de milho como quem constroi catedrais medievais.
Ela criava bonecas de palha com delicados vestidos bor­dados, mas todos ignoravam o trabalho de Dona Feia. Foi pre­ciso um mascate descobrir aquele tesouro a céu aberto. Levou as bonecas de Dona Feia e as mostrou ao mundo. O mundo se curvou diante da delicadeza das bonecas e da magia da artesã.
O final surpreendente, inusitado, revela uma descoberta que nos faz felizes e mais feliz ainda a nossa Dona Feia. As canti­gas de escárnio e maldizer se transformam em cantigas de amor. Trata-se de um livro para ler e reler, livro que ficará na memória, nos corações e nas mentes dos meninos e meninas de todas as idades.
Ronald Claver

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